Dos Capitães da Areia aos Marginais da Ilha do Sal: percursos da marginalidade juvenil em literaturas de língua portuguesa
La maison
A proposta do curso de extensão Dos capitães da areia aos marginais da ilha do sal: percursos da marginalidade juvenil em literaturas de língua portuguesa, enquanto atividade constitutiva do estágio de pós-doutorado desenvolvido na linha de pesquisa “Literatura, Movimentos sociais e Revisões do Cânone”, procura atender demandas contemporâneas próprias ao campo dos Estudos Literários e que se referem às abordagens interdisciplinares e comparativas, identificando a complexidade das relações entre obras e contextos de produção literária.
As literaturas de ênfase social desenvolvidas ao longo do século XX, entre conflitos e crises socioeconômicas que abalaram o mundo, encontraram terreno fértil no Brasil, num primeiro momento, com o chamado Ciclo Regionalista Nordestino dos anos 1930. Em diálogo com as contribuições formais do Movimento Modernista, escritores politicamente engajados com as questões sociais e movidos por ideais de inspiração marxista produziam uma literatura que procurava mostrar a dura realidade brasileira, afetada por questões climáticas, abandono político, desigualdade e exploração social.
Em Portugal, sob as escabrosidades do Estado Novo Salazarista, escritores portugueses organizavam sua resistência por meio do Movimento Neorrealista, para o qual muito contribuíam as obras daqueles escritores brasileiros. No contexto da presente proposta de curso, duas obras ganham destaque por sua afinidade temática e ideológica, a saber: Capitães da Areia, de Jorge Amado e Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes. Os protagonistas destas obras compartilham uma condição marginal, de crianças e jovens, muitos órfãos, outros de famílias que dividem com esses jovens e crianças as agruras da desigualdade social, resultado de injustiças e negligências cometidas pelo estado ou pela luta de classes, ainda que estejam em diferentes contextos nacionais. Várias décadas depois, já no presente século, António Lobo Antunes escreve o romance O meu nome é legião, retomando essa temática, estabelecendo notória intertextualidade com as obras já mencionadas recorrendo, contudo, a novos expedientes literários e desvelando elementos constitutivos de violências próprias ao século XXI, num bairro fictício da periferia de Lisboa.
Por fim, em 2010, o escritor Evel Rocha publica Marginais, em Cabo Verde, o último país, segundo o autor, a entrar para o universo literário. Este curso, portanto, tem por foco a relação entre estas literaturas e como ocorre sua reverberação nas literaturas contemporâneas de língua portuguesa, integrando diferentes interesses, não somente no âmbito dos estudos literários, mas em outros níveis da educação.
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Aula 01 - 27/11/2023 (segunda-feira) das 14h às 18h
Aula 02 - 28/11/2023 (terça-feira) das 14h às 18h
Aula 03 - 29/11/2023 (quarta-feira) das 14h às 18h
Observações:
Emissão de certificado de participação de curso de extensão com 16 horas para participantes presentes nos três encontros.
Atividade presencial.
CONTEÚDO AULA 01 | |||
Apresentação do curso. As relações entre o romance regionalista de 1930 e o Neorrealismo português. Figurações da juventude marginalizada. Obras: Capitães de Areia e Suor, de Jorge Amado; Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes e Casa de malta, de Fernando Namora. | |||
CONTEÚDO AULA 02 | |||
Características do romance português contemporâneo: polifonia, narrativas não lineares e os diálogos intertextuais. Obra: O meu nome é Legião, de António Lobo Antunes | |||
CONTEÚDO AULA 03 | |||
Diálogos entre Brasil e Cabo Verde. A juventude e a condição marginal no século XXI: entre nomadismos, turistas e vagabundos. Obra: Marginais, de Evel Rocha | |||
Les orateurs
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Quantidade de vagas: 50