Colóquios Sob o signo de João
La maison
Os colóquios “Sob o signo de João” homenageam três escritores brasileiros que tematizam a questão homoerótica em suas produções. João do Rio, escritor carioca assumidamente homossexual, jornalista, propôs em sua literatura um olhar para as criaturas do basfond da noite carioca, cujo centenário de morte se dá em 22 de junho de 2021; João Gilberto Noll, escritor gaúcho, falecido em março de 2017, também jornalista, produziu sua literatura construindo personagens excêntricos, que perambulavam pelas ruas das cidades tanto reais quanto fictícias, lembrando o flâneur de João do Rio; e João Silvério Trevisan, o único autor dentre os três que está vivo, autor de uma série de romances importantes na contemporaneidade brasileira, jornalista, que escreveu em quase todos os periódicos gays brasileiros, autor de Devassos no paraíso, cineasta, que tem, assim como João Gilberto Noll, uma literatura que trabalha com autoficção, além de ser um militante da causa gay e fundador do grupo Somos no início dos anos 1980.
Donos do mesmo prenome, motivo pelo qual se dá o nome do colóquio, Sob o signo de João, suas obras se caracterizam desde o modo menos explícito, como é o caso de João do Rio, passando pela escrita desterritorializada de João Gilberto Noll, até o caso de João Silvério Trevisan, que milita na causa LGBTQIA+, bem como produziu importante estudo sobre a história da homossexualidade no Brasil, assim como vários romances sobre a temática. Esses três escritores nos permitem perceber uma espécie de arqueologia da literatura de temática homoerótica no país, pois cada um a seu modo e em seu tempo produziu modos de descrever, perceber e refletir sobre os corpos homoeróticos, as questões que lhes dizem respeito diretamente, a situação social na qual viviam, bem como seus modos de se identificarem.
É possível perceber em João do Rio as criaturas decadentes da virada do século, representando um corpo binário, separado, como convinha a seu tempo, em masculino e feminino, demonstrando a marginalidade de suas condições; em João Silvério Trevisan, pertencente à primeira geração realmente liberada da literatura brasileira, que em suas produções corajosas, já na década de 1970, produzia corpos em dissonância com as normas heterocentradas, assim como tratava de assuntos de uma sexualidade que se libertava e exigia respeito através da literatura; e em João Gilberto Noll, que, assim como João Silvério Trevisan, ultrapassou a questão da militância, ao produzir uma literatura que lidava com as excentricidades de seus personagens e seus desejos em narrativas sobre corpos que poderiam se transformar não mais apenas em homens ou mulheres, mas fazer de seus corpos e seus gêneros o que bem entendessem.
Assim, o colóquio pretende dar espaço à produção de pesquisadores que tematizem tanto as questões dos escritores quanto temas afins na literatura como homoerotismo, diversidade sexual, estudos de gênero, ficção autobiográfica, autoficção e decadentismo.
Para obter mais informações, acesse o site: https://www.osexodapalavra.com/signodejoao.
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As inscrições podem ser feitas ao longo de toda a programação dos colóquios.
Lieu
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